Era uma vez um mundo, lindo e radioso como um sol…
Nesse mundo, havia uma menina que vivia numa casinha feita de cores e alegria.
A menina chamava-se Maria e tinha um quarto repleto de brinquedos.
Um armário com muitos vestidos, como as princesas.
E um jardim, onde Maria balançava e voava alto, lado a lado com o seu amigo vento e sonhava…
Viviam-se tempos difíceis, e as riquezas de outrora desapareceram.
Um dia houve uma guerra, e o seu mundo tão bonito, perdeu brilho tornando-se sombrio e triste.
Apenas o coração de Maria se mantinha alegre, doce e colorido.
O seu jardim era o espelho do seu coração.
Um dia enquanto por lá passeava, a menina encontrou um pedacinho de papel prateado, feito de estrelas e pedaços de céu.
Maria teve então uma ideia… brilhante.
Embrulharia uma caixinha de fósforos, com o papel e ofereceria ao seu pai.
Assim pensou, assim o fez.
Talvez o presente amaciasse o coração do pai, agora, endurecido pela guerra.
Até…, talvez o pai voltasse a sorrir como dantes, pensou a menina.
Mas, o pai não ficou nada satisfeito!
- Não devias ter gasto dinheiro para comprar este papel prateado. Um papel tão especial deve ter custado um dinheirão! Tu não sabes que temos de poupar, para podermos comer?
O pai estava tão zangado, que não deixou a menina falar.
Abriu a caixa… a caixa está…
Maria tinha os olhos cheios de lágrimas, as quais lentamente rolavam pelas suas faces.
- Minha filha, tu nunca ouviste dizer, que quando se dá um presente a alguém, deve ter alguma coisa lá dentro?! – disse o pai.
- Mas a caixa não está vazia, porque antes de fechar…
- …eu soprei lá dentro um milhão de beijinhos?
O coração do pai que era tão pequenino, cresceu, cresceu imenso, tornando-se enorme e colorido.
Foi então a vez, do pai cobrir a menina de beijinhos de todas as cores e feitios.
Abraçaram-se com todo o carinho do mundo, num xi-coração muito apertado.
Tão apertado foi, que os seus corações permaneceram unidos para sempre.
texto e ilustração: Elsa Lé
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