domingo, 7 de fevereiro de 2010

O RAMO ROUBADO



De noite iremos


roubar


um ramo florido.


Saltaremos o muro,


nas trevas do jardim alheio,


duas sombras na sombra.


Ainda não passou o inverno,


e a macieira aparece


subitamente transformada


em cascata de perfumadas estrelas.


De noite saltaremos


até ao seu trémulo firmamento,


e as tuas pequenas mãos e as minhas


roubarão as estrelas.

E em segredo,


na nossa casa,


na noite e na sombra,


entrará com os teus passos


o silencioso passo do perfume


e com pés siderais


o corpo claro da primavera.


poema: Pablo Neruda

fotografia: Jordi Gallego

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