Se eu te trouxesse agora, de repente, glicínia
em vários tons (cruzamento de pólen e de céu),
de que seria o espanto feito teu?
Ou se te propusesse partir enfim no último avião
até ao fim do mundo, e ao fundo
da cabina, por baixo da ignição,
em esconderijo certo: caixa preta onde versos
preparados e duas taças longas de champanhe
(colheita especial)?
E no porão, em vez do mais convencional anel,
encontrasses sementes e perfumes?
Ou, quando já sobrevoando o mar,
eu convencesse aurora boreal, e entre o azul
e o rosa mais profundo, te desvendasse em mundo:
quatro cadeiras da mais neutra cor,
e mala de viagem de permeio, com carimbos
maiores, um nome a arder, bordado em cor lilás
e ponto muito cheio?
poema: Ana Luísa Amaral
fotografia: ellen kooi
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