terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A noite não me deu nenhum sossego



Como voltar feliz ao meu trabalho
se a noite não me deu nenhum sossego?
A noite, o dia, cartas dum baralho
sempre trocadas neste jogo cego.
Eles dois, inimigos de mãos dadas,
me torturam, envolvem no seu cerco
de fadiga, de dúbias madrugadas:
e tu, quanto mais sofro mais te perco.
Digo ao dia que brilhas para ele,
que desfazes as nuvens do seu rosto;
digo à noite sem estrelas que és o mel
na sua pele escura: o oiro, o gosto.

Mas dia a dia alonga-se a jornada
e cada noite a noite é mais fechada.


poema: William Shakespeare
fotografia: MARIAH

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